Debate sobre compromissos de jornalistas pesquisadores encerra Bapijor

10/06/2011 12:34

“Os compromissos do jornalista e do pesquisador”. Este foi o debate que abriu o Bapijor na manhã desta sexta-feira, 10, no Auditório Henrique Fontes da UFSC, com a participação da professora Adriana Amado, da jornalista Angelina Nunes e do professor Rogério Christofoletti.

Sob a mediação do professor Samuel Lima, o debate teve início com a exposição de Adriana Amado, que falou sobre os condicionamentos sofridos pelos jornalistas e pelos pesquisadores acadêmicos da área. Adriana apresentou diversos dados sobre a situação dos jornalistas investigativos no Brasil e na Argentina, ressaltando os órgãos públicos são os principais agressores dos jornalistas investigativos, que ainda sofrem inúmeras recriminações em ambos países. A professora trouxe informações sobre as pressões sofridas pelos jornalistas em vários países, tanto políticas como econômicas. “Os jornalistas percebem mais pressões profissionais do que econômicas. Em todos os países, a única constante, e que há uma brecha enorme entre a percepção da pressão pelo jornalista e a autonomia real que eles tem” afirmou Adriana Amado.

A jornalista Angelina Nunes, do jornal O Globo (Rio de Janeiro) apresentou diversas matérias de jornalismo investigativo, demonstrando como é desafiador para o jornalismo transformar dados e documentos em notícias que suscitem o interesse do leitor. Angelina observou que é preciso fugir do jornalismo declaratório e realizar a investigação com rigor e afinco. “Devemos produzir dados e não ficar na carona das informações e estatísticas oficiais”, afirmou. Ainda de acordo com ela, nenhum documento substitui o trabalho de campo no jornalismo investigativo, de modo que é necessário questionar constantemente as fontes, com uma análise independente. Ao denunciar o denuncismo e a levianidade de segmentos do jornalismo investigativo brasileiro, Angelina defendeu que boas pautas de investigação surgem da redação. “Os jornalistas não precisam ficar esperando os dossiês prontos”, concluiu.

Propondo a reflexão sobre o rascunho de uma agenda positiva para jornalistas e pesquisadores, Rogério Christofoletti destacou em sua fala a importância da existência de projetos para a comunicação e a ciência na atualidade. “Que jornalismo e que ciência a sociedade quer e precisa para ajudar a se desenvolver?”, questionou o professor. Como possíveis respostas, afirmou que o primeiro compromisso do jornalista é com sua profissionalidade, de modo que precisa refletir sobre o seu papel e seu lugar na sociedade: “é preciso refazer pactos com a audiência, reprogramar demandas, ocupar espaços e assumir responsabilidades”. Sobre os compromissos do campo cientifico, Christofoletti ressaltou a importância que de os profissionais orientem suas práticas para ampliar a pauta da sociedade com novas dúvidas e questionamentos, além de oferecer modelos explicatórios amplos, profundo e contundentes. “Assumir esses desafios vai depender da positividade dessas propostas, dos fatores que sustentam sua execução e da disposição dos atores envolvidos”, destacou.

 

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