Reflexões sobre a prática jornalística e prática científica

Diferenças e semelhanças entre a prática jornalística e a prática científica no jornalismo foram o tema do debate que encerrou o primeiro dia do Bapijor, no começo da noite de hoje. Participaram os professores Gislene Silva e Martin Becerra, o jornalista Sebastián Lacunza e como mediadora, a jornalista Ângela Bastos.

Segundo Lacunza (foto), “todo jornalismo é investigativo, é difícil saber onde um começa e outro termina”. O profissional falou sobre o cenário do jornalismo argentino na atualidade, erros e incongruências, decorrentes de fatores como baixa remuneração e precarização do trabalho. As “investigações efêmeras”, sem aprofundamento ou continuidade, são as mais frequentes. Pressões e questões políticas também são empecilhos à apuração mais aprofundada.

Para Martín Becerra, o trabalho de investigação jornalística não é uma função poética, mas baseada em trabalho, em respostas a determinadas perguntas de investigação. Para ele, tanto no trabalho científico quanto no jornalismo, a investigação começa quando há conflito entre duas ou mais variáveis para que haja um “problema” ou questão a investigar. Os critérios de qualidade, relevância, utilidade são historicamente variáveis, tanto nas ciências quanto no jornalismo.

A coordenadora do mestrado em Jornalismo da UFSC, Gislene Silva, falou sobre a prática jornalística e prática científica na pesquisa. Para ela, “o jornalismo é um objeto muito atraente, tanto para quem vai exercer a profissão, quanto para a pesquisa científica”. Ambos têm pontos em comum, mas funções, papéis e lugar social distintos, bem como as demandas e expectativas que despertam. Segundo ela, “estamos bem no campo institucional, mas ainda falta investimento no campo teórico”.

O Bapijor continua amanhã, dia 10, às 9h30, com a mesa “Os compromissos do jornalista e do pesquisador acadêmico”. Participam Adriana Amado, Angelina Nunes, Rogério Christofoletti e com Samuel Lima na mediação.